Além de certos elementos, como as
disfunções cerebrais, os problemas genéticos, o baixo QI, deficiências visuais e
auditivas, problemas motores, questões alimentares e outros, existem determinados
componentes ligados ao processo de ensino-aprendizagem que são causadores em
potencial de dificuldades encontradas pelos indivíduos em qualquer faixa etária. Tais
componentes fazem com que o ato de aprender seja complicado tanto para crianças que
possuem os distúrbios até aqui tratados como para as que, juntas dos adolescentes e
jovens que se apresentam fisicamente normais, não são afetadas por características
genéticas ou outros problemas.
Aqui discutiremos
causas das dificuldades de
aprendizagem de maneira mais ampla, através da abordagem de aspectos estruturais
globais e locais que são capazes de causar impactos no processo de ensino-aprendizagem,
como as características da educação e os conflitos da família brasileira, a
formação dos educadores, entre outros. Embora todos esses fatores estejam intimamente
ligados, eles serão, a partir desse momento, abordados em suas particularidades.
A Educação Brasileira
A educação brasileira é conhecida,
de maneira geral pela população, como
sendo deficiente em diversos âmbitos. No
entanto, sabe-se da sua fundamental
importância para o desenvolvimento dos
cidadãos de forma individual e, também,
para o desenvolvimento da nação como um
todo. A apreensão do conhecimento não é apenas requisito para alcançar uma vaga no
mercado de trabalho, mas é também fundamental para o enriquecimento cultural, para a
realização de transformações sociais efetivas, a valorização da ética e da moral e a
construção da cidadania.
Embora tenha melhorado com o passar dos anos, ao analisar o histórico de
desenvolvimento da educação no Brasil, pode-se perceber que a preocupação com as
suas melhorias, bem como com a democratização do ensino e o consequente acesso a
ele por uma quantidade infinitamente maior de pessoas, é relativamente recente. Há
algum tempo, apenas uma parcela ínfima da sociedade, pertencente à elite social
brasileira, tinha possibilidades de acesso à educação.
A democratização do ensino, embora seja algo positivo e de progresso, fez com
que, em pouquíssimo tempo, a educação tivesse que atender a uma quantidade imensa
de alunos. Essa necessidade repentina fez com que os sistemas educacionais não fossem
capazes de oferecer vagas nas escolas e, ao mesmo tempo, manter a qualidade do
ensino.
Essa experiência não muito longa acarreta, também, em dificuldades para a
tomada de decisões, como o quanto se deve investir na educação, quais são suas
prioridades e os problemas que precisam de uma solução com mais urgência, quais os
melhores métodos a serem aplicados no processo de ensino-aprendizagem e muitas
outras.
Quando comparado a outros países, tem-se que o Brasil é uma das nações que
mais investe na área da educação. Existe uma divergência entre profissionais desta área
quanto a isso. Uma parcela deles acredita que os valores destinados à educação são
insuficientes e deveriam ser aumentados, enquanto a outra tem a opinião de que os
valores estão adequados, mas o país, devido à sua inexperiência, não sabe como
aproveitar da melhor forma tais verbas. De qualquer forma, independente de qual
postura esteja correta, o que se apresenta é uma educação deficiente e carente de
melhorias.
Como já foi citado, o Brasil descobriu tarde a necessidade de se investir na
educação. Porém, esse cenário é ainda mais prejudicado pelo fato de que, mesmo após
essa descoberta, o país ter demorado décadas para tomar alguma atitude nesse sentido.
Além de verbas, é necessário tempo para que se possa desenvolver qualitativamente. O
aperfeiçoamento do processo de ensino exige análises, pesquisas e experiências capazes
de mostrar quais são as melhores metodologias para lidar com a educação brasileira,
afinal, apesar de ter investido na educação, o país continua apresentando ainda hoje
altos índices de analfabetismo. É ilusão pensar que nossos problemas se resolvam
apenas com capital, pois é preciso muito trabalho para realizar grandes transformações.
Isso mostra que o Brasil pode ter aprendido a gastar, mas ainda tem que descobrir a
ensinar efetivamente.
Essa deficiência não se limita ao ensino público, abrangindo também as escolas
privadas. Isso porque, apesar de possuírem mais recursos e verbas para destinarem ao
seu próprio desenvolvimento, são obrigadas a seguirem os programas educacionais do
governo no que diz respeito à estrutura das séries, aos critérios de aprovação e
reprovação de alunos, aos conteúdos programáticos e outros que também são deficientes
e se constroem de características insuficientes para o ensino de qualidade.
Nas instituições de ensino públicas, o problema é ainda mais complexo. Além de
possuírem os obstáculos encontrados pelas escolas privadas, elas também precisam lidar
com um número insuficiente de professores e outros profissionais, materiais
inadequados, péssimas condições físicas, ausência de recursos, ausência de suporte para
as crianças que possuem necessidades especiais e muito mais.
Além dessas questões não serem consideradas como prioridades para o poder
público, a educação pode ser caracterizada como tecnicista e desligada da realidade, ou
seja, acaba por levar em conta na construção de seus conteúdos apenas aspectos ligados
às exigências técnicas do mercado de trabalho, esquecendo-se de considerar as
características peculiares de cada indivíduo e, ainda, que o desenvolvimento de outros
valores é essencial para a sociedade, tanto no próprio mercado de trabalho, como em
outros âmbitos.
Existem ainda outras contradições quando se fala na educação brasileira. Apesar
de ser um dos países que mais investe nessa área, o Brasil também é o local em que as
crianças passam menos tempo na escola. Considerando que os alunos, em grande parte
dos países desenvolvidos, passam muitas horas a mais no ambiente escolar, parte-se do
pressuposto de que o aumento do tempo em sala de aula ou em outros ambientes
educativos é capaz de proporcionar aos alunos novas oportunidades para que se
desenvolvam e atinjam seus objetivos.
A educação é um direito
fundamental, universal e inalienável.
Dessa forma, garantir a sua qualidade, o
acesso a ela e a permanência a todos os
cidadãos, a construção de espaços que
proporcionam a participação da sociedade,
a gestão, execução e avaliação de políticas públicas é dever do poder público. Assim,
voltando à questão dos recursos destinados à educação, pode-se dizer que o seu
financiamento é um tema relevante para todos aqueles que têm interesse na escola de
qualidade, para que seja possível garantir o conhecimento historicamente construído.
Não se pode desconsiderar que a educação é a base para o desenvolvimento de
toda e qualquer nação. Quanto antes ela chegar até as pessoas, maior será o seu
resultado e menores os seus custos. Ensinar conteúdos a pessoas que poderiam tê-los
aprendido anos antes é mais difícil e acarreta em mais custos, além da apreensão do
conhecimento não ser tão eficiente como poderia ter sido em outros momentos. Isso
ocorre porque o ato de aprender não está ligado apenas à compreensão de informações,
mas a um conjunto de capacidades que devem ser desenvolvidas nas crianças desde bem
pequenas. O processo de aprender determinadas coisas depois da primeira infância é
mais lento e ainda mais prejudicado em função da ausência de incentivos corretos nesta
fase da vida.
É claro que é preciso a existência de boas universidades para produzir
conhecimentos e tornar o país produtivo. Porém, a qualidade real na educação só poderá
alcançar altos índices quando os poderes e a população compreenderem que é
necessário dar atenção especial aos anos escolares iniciais. Eles são decisivos para
moldar habilidades que constituirão a base para que outras possam ser desenvolvidas.
De acordo com a de lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, os
municípios devem oferecer, gratuitamente, a educação infantil em creches ou entidades
equivalentes para crianças de até três anos de idade, e também em pré-escolas, para
crianças de quatro a cinco anos. Por oferecer pode-se supor não apenas criar e manter
unidades suficientes para atender a demanda de alunos, mas, também, garantir-lhes
padrão de qualidade.
Dada esta contextualização, é possível compreender o porquê das crianças e
jovens terem suas dificuldades criadas pelo próprio sistema de ensino e aqueles que já
possuem distúrbios de aprendizagem terem suas dificuldades ainda mais intensificadas,
afinal, as deficiências do processo de ensino-aprendizagem tem, na maioria das vezes,
implicado em mais conflitos e na evasão escolar.
3.2. A Escola
Os problemas da escola estão ligados às
deficiências gerais apresentadas no item anterior
no que diz respeito às questões gerais da
educação brasileira. Porém, no interior das
instituições de ensino estão presentes
determinadas adversidades que podem ser resolvidas localmente e serão discutidas a
seguir.
Um dos fatores que dificultam ainda mais o processo de ensino-aprendizagem e
recaem sobre as crianças é a prática que a maior parte das escolas possui em culpar os
pais, os professores, a comunidade e o governo pelo fracasso de seus alunos e nunca
assumirem, ao menos, parcela da culpa. Já foi dito, durante este curso, que a eficiência
da educação depende de uma relação de fatores e, sendo assim, certamente a escola não
deve estar isenta de suas responsabilidades.
A maior parte dos diretores acredita que os alunos são os que têm maior
responsabilidade quando não aprendem. Dessa forma, esses profissionais assumem a
tarefa de exercer seus papéis sem, no entanto, assumir o fracasso de seu trabalho. Os
diretores brasileiros não possuem os pré-requisitos que profissionais renomados e
pesquisadores colocam como sendo básicos para o desempenho da direção. Além de
uma experiência em gestão acadêmica, eles também deveriam manter o seu foco nas
salas de aula e traçar objetivos claros que sirvam de base para a atuação dos professores
e demais educadores existentes na instituição de ensino.
É claro que, se os cidadãos veem a escola como o local em que o conhecimento
acontece, os trabalhadores adquirem os subsídios de que precisam, e os valores éticos e
morais são incorporados pelos indivíduos, ela precisa ter uma boa gestão. Tal gestão
deve ser focada em uma integração entre o âmbito administrativo e pedagógico. A
separação entre essas áreas dá origem a um equívoco comum entre os diretores: o de
que o baixo desempenho dos alunos não está, de forma alguma, ligada à execução
ineficiente de seu trabalho.
Uma parcela considerável dos diretores não possui uma formação adequada,
como já dito anteriormente, e, muitas vezes, são egressos da carreira de professor ou,
ainda, alcançaram o cargo através da indicação de amigos ou familiares, sem ter
minimamente passado por um treinamento técnico.
Isso agrava as dificuldades que, normalmente, até mesmo os profissionais que
têm formação adequada e são eficientes encontram no
cotidiano escolar. A rotina de todo diretor é caracterizada
por uma série de atividades. Quando chegam à escola,
não conseguem seguir o planejamento que fizeram no dia
anterior em função das emergências que surgem por
todos os lados. Essas interrupções podem implicar em
coisas simples, como o telhado que está quebrado, um
professor que ficou doente e faltou, um aluno que se
acidentou ou um recurso tão esperado que não chegou.
Esses acontecimentos fazem com ele seja obrigado a reorganizar todo o seu plano de
trabalho, além de ter que resolver os problemas imediatos, como a prestação de contas,
estar presente em reuniões da Secretaria da Educação ou visitas a familiares dos alunos.
Em meio a essas atribulações, as questões primordiais acabam sendo deixadas de lado e
correm o risco até mesmo de serem esquecidas.
Além disso, existe uma grande quantidade de deveres burocráticos que são
responsabilidades dos diretores. Seu tempo acaba se restringindo ao cuidado com a
parte administrativa da escola que não pode ser deixada de lado e deve seguir prazos
como, por exemplo, a fiscalização de entrega de materiais pela Secretaria de Ensino. O
planejamento e a execução de um projeto pedagógico eficiente e capaz de trazer
mudanças benéficas para a instituição de ensino precisa de tempo para ser concluído,
sendo impedido diante das circunstâncias que acabaram de ser descritas. Nesse sentido,
a escola acaba reproduzindo somente a ideia de formar indivíduos produtivos, não
respeitando e, muito menos estimulando, as possibilidades e capacidades de cada um
dos alunos que não se adaptam, por diversos motivos, aos padrões impostos.
É de extrema importância evitar que as crianças sejam impossibilitadas de
aprender e se desenvolverem simplesmente por estarem fora dos padrões estabelecidos
para todos. Indivíduos com distúrbios terão seus problemas incompreendidos e
agravados por falta de atuação adequada. Disso resulta também a dificuldade em dizer
se uma criança realmente possui um distúrbio de aprendizagem ou simplesmente não
consegue se adaptar aos métodos de ensino a que está submetida. Alguém com falhas na
percepção visual, por exemplo, encontra maiores dificuldades em escrever com letra
cursiva (letra de mão), pois os intervalos entre as letras não existem, tornando mais
difícil ver os contornos das mesmas. Os métodos que não funcionam com todos os
alunos fazem com que crianças com distúrbios fracassem com mais frequência e
acabem marginalizadas.
Existem, ainda, outros aspectos além das capacidades e possibilidades dos
gestores escolares, que estão relacionados aos elementos estruturais, como, por
exemplo, o espaço da escola, a qualidade dos materiais didáticos, a incidência de
violência no interior desses ambientes, entre muitos outros. Fica realmente complicado
imaginar que esse cenário do ensino brasileiro, sendo incapaz de lidar com as suas
necessidades básicas, poderia dedicar um tempo especial para criar formas eficazes para
o processo de ensino-aprendizagem daqueles que possuem os distúrbios tratados
durante este curso. Mais uma vez, eles ficam em segundo plano e essas dificuldades são
agravadas com o passar do tempo.
A seguir estão listados alguns elementos característicos, principalmente das
escolas da rede pública de ensino, que constituem agravantes para todas as crianças e,
mais especificamente, para as que lidam diariamente com os distúrbios de
aprendizagem:
Na Primeira Infância:
A quantidade de crianças matriculadas na pré-escola não é adequada ao espaço
existente;
A quantidade de educadores é insuficiente diante do número de alunos;
As escolas não possuem espaços adequados para crianças pequenas, como salas para
dormir e espaços específicos de recreação;
A limpeza da cozinha e demais setores pode não ser realizada adequadamente;
No Ensino Fundamental e Médio:
Não existem salas de aula adequadas para todos os tipos de pessoas;
Ausência de profissionais qualificados, como psicólogos, que sejam capazes de
ajudar os alunos fora do ensino regular;
Raramente existem adaptações no espaço físico, como rampas e banheiros
adequados para deficientes físicos ou alunos com dificuldades motoras;
Quanto aos materiais didáticos, não é necessário uma grande quantidade de
recursos para torná-los melhores. Salas de aula normais, com materiais para crianças
que não conseguem seguir o mesmo ritmo de aprendizado dos demais alunos, ou, ainda
a formação de duas ou três salas de aula na escola e materiais específicos para tais
crianças poderiam resolver grande parte dos problemas.
3.3. Os Professores
Como pode ser percebido, esta unidade abordou o aspecto global da educação,
passando depois para problemas mais estruturais localizados no interior das escolas.
Neste momento, será discutido o cenário que envolve os professores e demais
educadores que, embora também sejam vítimas das deficiências da educação, são
causadores da intensificação dos distúrbios de aprendizagem em um grande número de
crianças.
O processo deficiente de educação, pelo qual passa a maior parte das pessoas,
acaba por formar profissionais também deficientes em suas capacidades. Assim, cria-se
um círculo vicioso em que jovens mal formados iniciam uma carreira que requer
determinadas vivências e compreensões, o que resulta em uma atuação que também fará
com que as crianças saiam da educação básica igualmente mal formadas.
Muitos dos alunos que cursam o ensino
fundamental na rede pública de ensino apresentam
grandes dificuldades em aprender a ler e escrever
por não terem esse domínio. A má formação dos
educadores faz com que eles não sejam capazes de
saber minimamente quais as características que
podem ser indicadoras de distúrbios de
aprendizagem em seus alunos. Eles não possuem
conhecimentos suficientes nem para ter uma ideia sobre o problema da criança e, muito
menos, para fornecer orientações úteis para que os pais possam procurar ajuda de
especialistas capazes de dar um diagnóstico preciso.
O papel dos professores diante da posição que ocupam é fundamental, fazendose
necessário que eles tenham conhecimentos não apenas acerca de conteúdos teóricos
básicos, mas, também, que saibam lidar com a heterogeneidade de alunos com que têm
contato diário, sendo capazes de identificar as suas qualidades e dificuldades,
adequando a melhor forma de se trabalhar com elas.
Além dessa má formação do professorado originar uma didática ineficiente que
não permite que as crianças construam um conhecimento real, esses profissionais,
apesar da importância do papel que desempenham para toda a sociedade, já que são
formadores de opiniões e atitudes, são desvalorizados socialmente. Eles também são
vítimas de um sistema cheio de falhas e vivem em más condições, tendo que executar a
sua função recebendo péssimos salários, sem poder contar com qualquer auxílio para
renovar e multiplicarem seus conhecimentos, além de trabalharem em ambientes sem
estrutura alguma no que se refere a recursos, materiais didáticos e outros elementos que
constituem o processo de ensino-aprendizagem.
A Família
Não é preciso dizer que o núcleo familiar constitui
também uma estrutura fundamental para o desenvolvimento de
toda e qualquer criança. Porém, sabe-se que a família
brasileira encontra diversos tipos de problemas em seu
interior. Os conflitos familiares podem ser causadores de
dificuldades de aprendizagem nas crianças que não as
possuem e, intensificar, os problemas que os alunos com
distúrbios já enfrentam.
Existem diferentes tipos de famílias. Algumas delas são mais presentes na vida
das crianças, enquanto outras não se importam muito com o que elas fazem ou deixam
de fazer. No entanto, essas diferenças podem auxiliar ou dificultar, de forma intensa,
não apenas aspectos comportamentais na vida das crianças, mas também a sua vivência
escolar. Abaixo, está um quadro que diferencia características possíveis de serem
encontradas em filhos de pais ausentes e presentes:Pais Presentes
Criança mais educada
Criança carinhosa
Criança com bom rendimento escolar
Criança prestativa com o próximo
Prazer na leitura e na aprendizagem
Pais ausentes
Criança mais rebeldeCriança sentimental/carente
Criança que não consegue ter um bom
rendimento na escolaCriança que não se importa muito com
o próximo
Pensar apenas em brincar e atividades
que não exijam grandes esforços e
concentração.
A ajuda dos pais ou demais responsáveis no processo de ensino-aprendizagem
das crianças é, portanto, outro elemento diferenciador capaz de levá-las ao sucesso
escolar, sendo válido para tanto para as crianças que possuem capacidades normais de
aprendizagem quanto para aquelas detentoras de determinado distúrbio.
Muitos aspectos estão ligados a essa relação entre família, aprendizagem e
sucesso escolar, todos tendo uma influência no conjunto. A escolaridade dos pais é um
deles. Como se sabe, a porcentagem de brasileiros com formação superior é muito
restrita frente à população total. Isso acaba por reproduzir este quadro, afinal, é muito
mais fácil que pais que saibam da importância do conhecimento e da escolaridade,
porque passaram por ela, se empenhem em incentivar e ajudar os seus filhos nesse
processo do que pais, que, possuindo um nível baixo de escolaridade, têm menos
chances de darem o suporte necessário às suas crianças. Os primeiros, ao terem passado
por processos parecidos na vida escolar e acadêmica, procuram ler com seus filhos,
incentivá-los a buscar o sucesso escolar e lhes mostrar a importância do mesmo, bem
como têm mais probabilidades de reconhecer um distúrbio de aprendizagem quando ele
se manifesta e, consequentemente, procurarem a ajuda de especialistas. Já os segundos,
não tendo passado por tantas experiências escolares, podem não atribuir a elas a devida
importância e, dessa forma, refletir isso em seus filhos.
Existe, entre os responsáveis, uma carência de informações sobre o que
realmente acontece na vida de suas crianças, além de existir, também, uma defasagem
de informações sobre o que constituem os distúrbios de aprendizagem. Quando eles se
manifestam, pais caracterizados dessa forma se sentem, ao menos parcialmente,
culpados pela condição das crianças. Alguns chegam até mesmo a entrar em pânico.
Essas reações imobilizam os responsáveis e privam a criança da ajuda que precisa.
Existem mais alguns aspectos possíveis de serem encontrados nos núcleos
familiares que também são grandes causadores ou intensificadores das dificuldades de
aprendizagem. Veja abaixo uma parte deles:
Famílias desorganizadas que permitem um excesso de atividades extraescolares
na vida das crianças, como muito tempo na frente de computadores, vídeosgame,
televisão e, consequentemente, a ausência de uma rotina de estudos;
Pais com problemas como, por exemplo, o alcoolismo;
Pais demasiadamente exigentes projetam, em seus filhos, problemas emocionais
graves;
A superproteção característica de certos responsáveis pode criar crianças
dependentes e incapazes de solucionar problemas sozinhas;
Filhos de pais separados também encontram maiores chances de desenvolver ou
intensificar as dificuldades de aprendizagem. Essas crianças demonstram uma
grande necessidade de serem compreendidas.
Existem, ainda, as dificuldades
causadas por substâncias químicas a que os
responsáveis, tendo maior contato com as
crianças, precisam estar atentos. Medicações
como antialérgicos ou astiasmáticos causam sonolência e interferem na
aprendizagem, assim como drogas, tais o álcool em adolescentes, também têm
grandes influências na sala de aula.
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