segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

SAÚDE EMOCIONAL DO EDUCADOR: Depressão

Fatores atrelados à profissão
docente têm deixado os professores com
a saúde emocional abalada: salas lotadas,
falta de apoio dos gestores, indisciplina
dos alunos, violência etc. São alguns
desses fatores que causam os diversos
transtornos de ansiedade nos educadores.
Quando perguntados a respeito de
sua profissão, a maioria dos docentes diz gostar do que faz, que escolheu esse ofício
como sua profissão, entretanto se queixa das péssimas condições de trabalho que lhe
é oferecida. Isso faz com que os professores criem uma barreira e muitas vezes se
afastem por problemas de depressão e pânico.
Os profissionais da saúde e da educação têm produzido muita discussão a
respeito da saúde emocional do professor, mas nada de efetivo é feito em termos de
políticas de prevenção, acompanhamento e tratamento. O que vemos são muitos
professores buscando, sem sucesso, seus direitos para que consigam fazer um
tratamento. Em consequência disso ocorre o
absenteísmo, ou seja, por conta de não
suportarem estar nas salas de aula, os
professores faltam muito e quando não há
mais saída recorrem às licenças médicas. As
secretarias de educação justificam essas
licenças somente como motivo para “matar
trabalho” como se os professores estivessem
mentindo ou fingindo um mal estar que é
visível para qualquer um.
A escola, como local de construção
de conhecimento, deveria encontrar
mecanismos, usando de compreensão e solidariedade, para resolver esse impasse.
Em geral, por ignorância ou falta de compreensão, não dão importância social aoproblema da depressão, porém esse é um assunto de saúde pública. A depressão
desencadeia uma série de problemas sociais, como incapacidade de acompanhar
ritmos normais de trabalho, perda de memória, insegurança pessoal, pânico,
dificuldade de realizar tarefas simples etc. que devem ser tratados, pois além de
incapacitarem precocemente os professores para o trabalho, podem levar à morte
tanto natural quanto provocada.
Vários fatores podem dar origem à depressão, Marilda Lip em seu livro “O
Stress do Professor”, considera a depressão como a condição que mais sofrimento
traz ao ser humano e que é capaz de destruir a felicidade e a qualidade de vida das
pessoas. É como se todas as coisas boas da vida, inclusive coisas muito apreciadas
pela pessoa adoecida, perdessem toda a graça, a pessoa fica alheia a qualquer
sentimento.
A origem da depressão pode estar associada a vários fatores:
 Origem biológica com predisposição genética;
 Ingestão de determinadas medicações;
 Outras enfermidades;
 Pensamentos inadequados.
Existe também a depressão como sintoma de estresse devido a elementos aos
quais a pessoa não consegue se impor. Pode ser uma separação conjugal, mudança
ou a dificuldade de se manter no emprego.
No caso dos professores, em sua grande
maioria, a depressão é associada aos sintomas de
estresse. Nesses casos, o tratamento pode ser
feito sem medicamentos. A recuperação é feita
por meio de treino antiestresse, que nada mais é
do que tomar atitudes benéficas ao corpo e à
mente, tais como relaxamento muscular, alimentação balanceada, exercícios físicos
e reestruturação cognitiva.
Para combater esse tipo de depressão é preciso saber quais são as causas, ou
seja, de onde vem esse estresse. Segundo Lip (2008) é fácil identificar quais são os
causadores de estresse, pois temos a tendência a procurar nos outros a causa de
nossos problemas. No caso do estresse que causa a depressão isso é muito útil, pois
identificando o problema, fica mais fácil de combatê-lo.
No caso dos professores, muitos fatores relacionados ao meio são impossíveis
de serem modificados, como os curtos prazos que precisam ser cumpridos, o
currículo, muitas vezes, inadequado à realidade do aluno etc., portanto é preciso
encontrar o equilíbrio para resolver essas situações.
Resolver não quer dizer simplesmente se
render ao sistema e não lutar contra as coisas que
não estão corretas. Infelizmente muitos professores
se deixam levar por isso, se afastam emocionalmente
desses problemas técnico-pedagógicos e reproduzem
o modelo imposto pelos gestores, o que resulta em
uma educação de baixa qualidade.
Mediante todas as dificuldades que o docente
encontra em seu caminho, ele deve buscar o
equilíbrio para não sofrer com os estressores com os
quais precisa conviver. O equilíbrio das emoções é
fundamental para se conviver bem no ambiente de trabalho, é preciso ver o lado
positivo dos problemas. Se, por exemplo, não há como usar técnicas de
enfrentamento contra gestores intransigentes e contra o estado que tanto desvaloriza
o trabalho do professor, procure encontrar soluções junto com os colegas de trabalho.
A cooperação entre os profissionais da educação é o ponto principal para o bom
desenvolvimento do trabalho docente.
notório que o trabalho
em equipe, quando feito com
seriedade, é muito mais
produtivo. Dessa forma podese
dividir as angústias e os
progressos; a resolução dos
problemas fica mais fácil. Está
comprovado que um corpo
docente que trabalha unido é
muito mais bem sucedido que
um corpo docente que trabalha
individualmente. Dividindo as angústias da sala de aula, o professor encontra
angústias parecidas e também divide as soluções. Pesquisas apontam que o convívio
e apoio social entre os professores atenuam o estresse causado pela atividade
docente.
A professora Marilda Emmanuel Novaes Lipp (2008), enumera em seu livro,
21 passos para o manejo do estresse. Esses passos estão divididos em estratégias:
Estratégias Educativas
 Saber o que é estresse;
 Saber reconhecer o estresse no corpo, na mente e nas relações interpessoais;
 Identificar as fontes externas do estresse;
 Identificar os estressores internos (a fábrica particular de estresse de cada
um).
Estratégias Situacionais
 Tentar eliminar os estressores possíveis de serem eliminados;
 Aceitar os estressores inevitáveis;
 Reinterpretar os estressores inevitáveis, ou seja, ver o lado positivo de cada estressor essencial em sua vida.
Estratégias de enfrentamento duradouro
 Aprender a reconhecer os seus limites;
 Aprender a respeitar seus limites;
 Tomar uma atitude ativa diante da vida;
 Usar estratégias de enfrentamento do estresse, concentrando-se na busca de
soluções e não nas emoções geradas pelos estressores;
 Usar técnicas de resolução de problemas;
 Assumir a responsabilidade pela sua vida;
 Aprender a dizer “não”;
 Utilizar o apoio dos colegas no ambiente de trabalho;
 Lembrar que nada ruim dura para sempre.
Estratégicas de enfrentamento para atenuar os sintomas
 Rir, brincar, fantasiar, usar o senso de humor;
 Tirar férias mentais, isto é, desligar-se dos problemas por alguns minutos
durante o dia;
 Usar técnicas de relaxamento;
 Utilizar alimentos antiestresse (verduras, legumes e frutos);
 Praticar alguma atividade física.
Fonte: Marilda Lipp: O Stress do Professor
Os gestores e coordenadores podem contribuir para diminuir os níveis de
estresse entre os professores cujas causas são de natureza psicológica, de modo que a
partir delas é que se desenvolvem outros problemas e doenças que podem ser de
naturezas físicas.
Pequenas atitudes de gestão poderiam resolver parte dos problemas de
estresse do professor, já que nem sempre os estressores estão na escola, vêm também
das relações sociais as quais os professores convivem.
Quando falamos em equipe docente integrada, trabalhando de forma
cooperativa, também incluímos a figura do coordenador cujo papel é direcionar o
trabalho dos professores. Sem um coordenador que desempenhe essa função os
níveis de estresse dos professores aumentam e junto vem a depressão. Ação simples,
como:
 Coordenação flexível e aberta à negociação;
 Programa de formação continuada aos professores;
 Favorecer uma cultura organizacional positiva;
 Garantia de condições para autorrealização;
 Apoio pedagógico.
A redução dos níveis de estresse entre os professores traz uma série de
vantagens, como queda da taxa de absenteísmo, de licenças, de professores doentes
acometidos por depressão e toda uma sorte de doenças que a mesma pode trazer.

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