segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Professor: Problemas familiares e influência no desempenho profissional

O trabalho ocupa uma posição de destaque na vida da maioria das pessoas, do
trabalho vem a subsistência das pessoas, para viver todos precisam pagar aluguel, fazer
compras no supermercado, comprar itens de vestuário etc., portanto é quase impossível
conviver em um mundo capitalista como o nosso, sem essa maneira usual de conquistar
rendimentos para suprir as nossas necessidades diárias.
Com os professores, essa relação vida pessoal x vida profissional fica mais
estreita ainda. Esses dois aspectos se confundem, pois é quase impossível não trabalhar
também nas horas “folgas”. Por conta disso o professor, muitas vezes, leva muitos
problemas de casa para a escola e muitos problemas da escola para casa, influenciando
negativamente o equilíbrio de sua vida. Podemos dividir as desvantagens que a falta de
equilíbrio traz em dois tipos: desvantagens na vida pessoal e desvantagens na vida
profissional:

Desvantagens na vida pessoal
 Falta de tempo para realizar exercícios físicos;
 Noites mal dormidas ou ocorrência de insônia;
 Maus hábitos alimentares;
 Falta de assistência aos filhos nas tarefas escolares e na própria educação
do dia a dia;
 Tabagismo e abuso de substâncias como o álcool,
 A falta de tempo para organização diária das necessidades pessoais.

Desvantagens  refletidas no trabalho:
 Falta de concentração;
 Fácil irritabilidade;
 Convivência ruim com a comunidade escolar;
 Estresse negativo.
O trabalho dos professores é
diferente de todos os outros, pois além
do retorno financeiro, é um trabalho que
traz outros retornos: a satisfação por
estar transmitindo conhecimento; por
estar contribuindo com a formação do
futuro de crianças, adolescentes ou
mesmo adultos; por ver seu trabalho
dando frutos quando percebe que o aluno conseguiu captar a essência da aula etc.
Mas o que deveria ser um facilitador para a ocorrência de uma boa qualidade de
vida, se torna um concorrente em potencial. Por conta dos baixos salários, os
professores, para conseguirem uma situação estável, recorrem a várias turmas e não
conseguem absorver todo o bem-estar que a profissão proporciona.
A falta de sono ou a má qualidade dele é uma das desvantagens que mais
acometem as pessoas que não dão a devida atenção a sua saúde física e psíquica. É
comprovado cientificamente que um ser humano saudável precisa dormir, no mínimo,
profundamente de 7 a 8 horas todos os dias, lembrando que não é suficiente estar
deitado durante esse espaço de tempo, e sim dormindo efetivamente.
Entretanto é notório que, a rotina do profissional da educação não permite que
essa recomendação seja seguida à risca, principalmente nas grandes cidades, onde o
tempo que se gasta com locomoção é tão longo.
No caso das professoras mulheres, essa situação se agrava, por conta das
atribuições domésticas, que são erroneamente atribuídas somente a elas, como o preparo
do jantar, organização da casa, educação dos filhos, com essa jornada múltipla de
profissional, mãe, dona de casa, mulher, esposa etc., é impossível dedicar de 7 a 8 horas
por dia ao sono.

Sabe-se que o processo de preparo das aulas pode durar até mais tempo do que a
aplicação dessas aulas, porém com o acúmulo da carga horária, o professor não tem
tempo para planejar essas aulas. Exige-se dos professores, esse planejamento perfeito,
como se eles fossem obrigados a estar 24 horas alerta, disponíveis para o trabalho.
Muitos ficam mesmo, abdicando de sua vida pessoal para concretizar um trabalho
satisfatório, o que resulta disso é uma baixa qualidade de vida, que afeta o andamento
do trabalho docente.

Relação entre Professores e Alunos
Sabe-se que as relações humanas,
em seu contexto geral, são bem complexas,
entretanto são fundamentais para que um
indivíduo conviva bem na sociedade em
que está inserido. No campo da educação,
local de agregação de valores e formação
de personalidades, essa relação deve ser
analisada e tratada de forma
pormenorizada.
Em muitas situações, os alunos veem os professores como inimigos – assunto
que iremos tratar de maneira detalhada mais a frente – e cabe ao professor desfazer essa
falsa ideia, evitando se colocar como detentor completo de conhecimento, assumindo
que não sabe tudo, ou seja, reconhecer que todos têm conhecimentos a compartilhar, até
mesmo os analfabetos: a experiência de vida.
Para que isso seja feito de forma satisfatória, os alunos precisam se sentir
sujeitos de seu próprio conhecimento. A relação entre professores e alunos deve ser de
troca constante, nesse contexto, o professor deve ligar as situações da sala de aula ao dia
a dia do aluno, fazer da aula um constante diálogo e não menosprezar os
questionamentos dos mesmos. Isso sem afastar a ideia de reflexão e estudo que é a
essência primeira da escola.
A síndrome de Burnout – uma síndrome que faz com que o professor perca o
real sentido da sua relação com o trabalho em sala de aula, ou seja, perca o estímulo em
sua atividade docente – está intimamente ligada com o fracasso dessa relação. Muitos
dos professores perdem o entusiasmo e se dispõem a trabalhar somente pelo dinheiro,
sem levar em consideração os questionamentos e dificuldades de sua clientela. O
resultado disso são aulas mecânicas, pautadas pela falta de paciência e autoritarismo que
culminam na falta de envolvimento também por parte dos alunos.
Essa não é uma crítica aos educadores, mesmo porque a síndrome de Burnout é
uma consequência de toda a decadência do ensino público no Brasil. É importante
ressaltar que essa é uma das possíveis causas do enfraquecimento da relação entre
alunos e professores.
O professor Eduardo Benzati, cita em seu artigo A Educação e os Educadores do
Futuro, que a educação do futuro depende de como vamos encará-la no presente. Está
na mão dos professores o processo revolucionário de transformação, é claro para que
isso aconteça, eles devem ter condições de trabalho.
Cabe ao professor a
problematização das questões, tanto as
tratadas em sala de aula, quanto fora.
Problematizar é perceber as situações em
vários aspectos e não de uma maneira
estanque, desfragmentada, é analisar
todas as perspectivas possíveis e assim
buscar soluções. O ensino deve ser
encarado como uma missão, não só uma função ou um horário a ser cumprido. A

escolha dessa profissão propõe isso, e como tal deve ser valorizada, para que os
professores não se sintam desmotivados, abandonados à deriva, sem apoio e condições
justas de trabalho.
Segundo Edgar Morin, devemos transformar saberes, rever práticas pedagógicas
e construir novas formas de cognição, devemos buscar saberes que respondam às
questões fundamentais referentes à ética; cidadania; solidariedade planetária e global do
presente e do futuro. Para buscar uma educação dialética e justa, Morin sugeriu sete
saberes necessários à educação do futuro:
1. A cegueira do conhecimento – o erro e a ilusão. Aqui é discutida a
questão da consciência dos erros que os professores, enquanto mediadores do
conhecimento precisam ter. São saberes relacionados à crítica e à autocrítica.
2. Os princípios do conhecimento pertinente. O conhecimento deve ser
distribuído de maneira global para alcançar o particular. É necessário desvincular
a ideia da propagação do ensino particularizado; fragmentado e divisor. Tudo na
educação deve se relacionar, tanto os conteúdos entre si, quanto os relacionados
com o cotidiano.
3. Ensinar a condição humana. Conscientização dos alunos como
cidadãos do mundo, fazê-los despertar para toda a complexidade humana.
Retoma a ideia de que não podemos ver o ser humano de uma só perspectiva,
mas de forma complexa – algo que abrange ou contém muitos elementos ou
aspectos diversos, com diferentes formas de inter-relação.
4. Ensinar a identidade terrena. Saber que nos faz entender e transmitir
que somos seres originários de uma mesma espécie e partilham um destino
comum. Convém assinalar neste saber todas as transformações pelas quais
passamos no século XX, questões, como a degradação ecológica; consumismo e
minimalismo; qualidade de vida etc.
5. Enfrentar as incertezas. Esta atitude talvez englobe o saber mais
importante do profissional enquanto educador. Convém assinalar que já
convivemos com o princípio da incerteza, desde o século XX e esse é,
provavelmente, um legado que levaremos por todo o século. Analisando este saber pode-se refletir sobre uma das atitudes mais importantes e difíceis que o profissional docente tem que absorver: assumir que não é o detentor absoluto do
conhecimento e que as dúvidas sempre vão existir.
6. Ensinar a compreensão. Em uma época em que as pessoas têm tantos
meios e se comunicam tanto, a incompreensão ainda impera absoluta. É função
de a escola promover a compreensão entre as pessoas e fazer com que os
próprios atores do ato de ensinar também se compreendam, pois a compreensão
mutua é garantia da solidariedade humana. Ainda hoje, sofremos com a
intolerância e a discriminação, que são obstáculos à compreensão. A ética da
compreensão consiste em compreender a própria incompreensão e exige
democracia exercida por meio da necessidade de ouvir, refletir, entender, se
comunicar e aceitar a opinião do outro, mesmo que esta seja diferente da sua.
7. A ética do gênero humano. A construção da cidadania é uma obra
permanente que nunca poderá ser concluída, neste contexto, a antropoética (a
ética do gênero humano) entende que o homem não pode se dissociar da tríade
indivíduo – sociedade – espécie e de toda complexidade que ela carrega. A
educação deve ser pautada nessa base de ensino de princípios democráticos da
liberdade individual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário