segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

SAÚDE EMOCIONAL DO EDUCADOR: Transtorno do Estresse Pós-Traumático

O Transtorno de estresse pós-traumático é um
transtorno psicológico que integra o grupo dos transtornos
de ansiedade.
Esse transtorno é ligado a um conjunto de sistemas
físicos e emocionais relacionados à ansiedade e ocorrem
após a vivência de uma situação traumatizante do paciente.
Geralmente, esses traumas estão agregados a situações
específicas, como assaltos, estupros, situações de guerra,
porém pode ocorrer devido a outras situações que, para o
portador do transtorno, são igualmente traumáticas.
Eventos que ocorrem com pessoas próximas, como presenciar agressão física
ou algum acidente grave de algum parente, também podem desencadear o Transtorno
de Estresse Pós-Traumático, mesmo que a pessoa não tenha, de fato, passado pelo
trauma. Se a pessoa já tem uma predisposição para doença, com certeza,
desenvolverá o transtorno de modo a vivenciar psicologicamente o trauma vivido por
outra pessoa.
Os sintomas são muito parecidos com os de outros transtornos de ansiedade,
mas para que este seja reconhecido como Transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT), a presença do fator estressor é de fundamental para que o diagnóstico seja
feito.
Geralmente, existe a comorbidade com a depressão, o que faz com que a
pessoa tenha baixa resistência em lidar com os percalços da vida.
O que é Comorbidade?
Comorbidade é um termo médico que indica a existência de duas doenças
distintas em um indivíduo, ou seja, uma doença adicional a outra doença já existente.
Isso é muito comum em pessoas que têm transtornos de ansiedade. A depressão, por
exemplo, está presente em quase todos os indivíduos que desenvolvem transtornos,
como transtorno bipolar do humor (psicose maníaco-depressiva), transtorno
obssessivo-compulsivo (TOC), fobia social, pânico etc.
Identificar a comorbidade entre transtorno de estresse pós-traumático e
depressão é peça fundamental para diagnosticar possíveis outros transtornos. Um
modo de chegar a esse diagnóstico é procurar reconhecer os sintomas da depressão
depois de identificado o TEPT. Os pacientes deprimidos, geralmente, deixam de
participar de eventos sociais, o que provavelmente se deve à perda de interesse,
prazer ou disposição.
Quem sofre de TEPT revive o trauma
recorrentemente em forma de flashbacks, como se fosse
um filme; tem pesadelos recorrentes com o fator
estressor, ou seja, as ideias do trauma vivido vêm de
maneira involuntária e fazem com que o paciente sofra
repetidamente.
O prejuízo emocional do portador desse
transtorno é uma das piores consequências do TEPT,
pois o mesmo não vive de maneira plena. Todas as
esferas são afetadas, física e psicologicamente.

Causas do TEPT
Existem diversas formas de adoecimento mental adquirido no ambiente de
trabalho, além da pressão psicológica, exercida pelo papel social que o educador
possui de transmitir o conhecimento e de fazer com que esse conhecimento seja
absorvido, também há outras questões que pressionam esses profissionais: “o
estresse do professor parece estar relacionado ao salário não digno, à precariedade
das condições de trabalho, ao alto volume de atribuições burocráticas, ao elevado
número de turmas assumidas e de alunos por sala, ao mau comportamento desses
alunos, do treinamento inadequado do professor diante de novas situações e
emergências da época. O professor sofre, ainda, com pressões de tempo, pressões
dos pais dos alunos e de suas preocupações pessoais extra-escola”. (CODO E
SAMPAIO 1995).
Não há como elencar uma causa específica, mas sabemos que o transtorno de
estresse pós-traumático se desenvolve em consequência de um trauma muito forte,
provocado por estressores traumáticos e por estressores não-traumáticos a longo
prazo.
Os fatores estressores são divididos em traumáticos e não-traumáticos:
Estressores traumáticos
Sequestro;
Ataque de franco-atiradores;
Abuso sexual;
Agressão física;
Desastres naturais;
Guerras;
Incêndios;
Desastres nucleares;
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Violência doméstica;
Ameaças;
Torturas;
Estupro etc.
Estressores não-traumáticos
Divórcio;
Falhas;
Rejeição;
Doença grave;
Reveses financeiros etc.
Essa diferença entre estressores traumáticos e não-traumáticos se deve ao fato
de que muitos indivíduos conseguem enfrentar situações de estresse comum, porém
quando se deparam com um estressor muito traumático essa capacidade é superada
pelo trauma.
No caso dos professores, fatores estressores como violência física e ameaças
podem desencadear o TEPT.
Diagnóstico de Transtorno de estresse pós-traumático
O Transtorno de estresse pós-traumático, assim como os demais transtornos
mentais, é difícil de ser diagnosticado, pois muitos sintomas se confundem com os
demais sintomas de outros transtornos.
A primeira coisa a fazer é investigar se há algum evento traumatizante no
histórico do paciente. No caso dos professores existe uma pressão muito forte por
conta dos dois lados: a parte burocrática e a clientela, ou seja, alunos. Em princípio
não se imagina que um professor vá sofrer com o transtorno de estresse póstraumático,
que acomete, principalmente, soldados que participaram de alguma
guerra e vivenciaram a morte de perto, além de presenciar a morte de muitos companheiros e inimigos, mas as diversas situações que os professores vivenciam
são capazes de causar traumas profundos nos mesmos.
Muitos alunos encaram as notas vermelhas atribuídas as suas avaliações
como uma ofensa pessoal e, a partir disso, ameaçam professores constantemente.
Muitos chegam a cometer agressões físicas de fato.
Esse transtorno é uma perturbação psíquica decorrente de um episódio
duramente ameaçador e acomete pessoas que sofreram alguma situação de trauma,
em maior ou menor grau (depende da intensidade que a pessoa determina para esses
episódios).
A professora Nádia é um caso emblemático desse transtorno. Há dois anos
começou a sofrer ameaças na sala, após isso foi afastada com suposto diagnóstico de
depressão e síndrome do pânico. Convidada por uma emissora de TV, aceitou fazer
uma série de consultas e exames que a diagnosticaram portadora de transtorno de
estresse pós-traumático, doença essa que acomete pessoas que já passaram por
situações traumáticas como sequestro e estupro e as faz reviverem o trauma sofrido.
Com 25 anos de magistério, quando passa perto de qualquer escola, Nádia
não consegue conter o pranto. Além de todos os sintomas como falta de ar, moleza,
calafrios, pânico, o transtorno sofrido por Nádia começou a afetar também o coração,
num único dia o coração de Nádia passou de 32 batimentos por minuto (menos da
metade da média considerada normal) a 158 batimentos por minuto quando passou
perto de uma escola e teve a crise de choro. Além disso, por dia, o coração de Nádia
apresentou sete momentos diferentes de arritmia que é quando o coração diminui e
acelera os batimentos cardíacos rapidamente.
A princípio os médicos a diagnosticaram como portadora da síndrome de
burnout, mas depois de exames mais elaborados, puderam constatar que o caso era
muito mais grave e que as ameaças de violência e morte vividas em sala eram
revividas com frequência, ocasionando todo esse quadro patológico com o qual
Nádia se deparou.

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