segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A História Social da Violência na Escola

A violência se manifesta de várias maneiras em nossa sociedade: contra as
crianças, contra os idosos, de gênero, violência sexual, truculência da polícia, a falta
de representatividade de nossos governantes etc.
Segundo a historiadora Marilena Chauí, um dos piores preconceitos em relação
ao povo brasileiro é ser classificado como um país pacífico por natureza:
“Um dos preconceitos mais arraigados em nossa cultura é o de
que “o povo brasileiro é pacífico e não violento por natureza”,
preconceito cuja origem é antiquíssima, datando da época da
descoberta da América, quando os descobridores julgavam
haver encontrado o Paraíso Terrestre e descreveram a nova
terra como primavera eterna e habitada por homens e mulheres
em estado de inocência. É dessa “Visão do Paraíso” que
provém a imagem do Brasil como “abençoado por Deus” e do
povo cordial, generoso e pacifico, sem preconceito de classe,
raça e credo. Diante dessa imagem, como encarar a violência
real existente no país? Exatamente não a encarando, mas
absorvendo-a no preconceito da não violência.” (Marilena
Chauí, 1996/1997, p. 120)
A violência é um fator histórico na
constituição da sociedade brasileira. A escravidão,
primeiro com os índios depois com os negros, foi o
ponto de partida de uma repressão que dura até hoje,
seja nas críticas ao professor, seja nas tarifas abusivas
do transporte público em todas as regiões do país,
temos várias manifestações de violência contra o
cidadão. Não é porque não passamos por nenhuma
guerra institucionalizada ou revolução sangrenta que vivemos em um país possuidor
da dádiva da paz. Essa falsa ideia de que seríamos um país abençoado por Deus incute
a suposição de que a Independência, a República e a Abolição da Escravidão foram
dádivas ofertadas pelos nossos governantes de bom coração e não conquistas.
São esses mesmos governantes que violentam a classe docente com precárias
condições de trabalho, baixos salários, poucas horas para elaboração de atividades e
ainda há a pior das violências que é a falta de reconhecimento e muitas vezes críticas
negativas a respeito do trabalho docente realizado nas escolas.
A violência se manifesta por meio do abuso da força e da opressão, é um
constrangimento que obriga o indivíduo a fazer ou deixar de fazer algo. A violência
psicológica pela qual os professores passam faz com que se afastem cada vez mais das
salas de aula, é uma violência que os deixam doentes, estressados, depressivos,
exauridos, afônicos e com diversos transtornos de ansiedade que os impedem de
cumprir suas tarefas com plenitude.
Além da violência psicológica, a física é muito presente nas salas de aula. Uma
pesquisa realizada em 2007 apurou que somente 10,6% dos professores se sentem
seguros dentro da escola.
As várias faces da violência – brigas entre estudantes, assassinato de
professores, docentes que ofendem alunos, ameaças virtuais, problemas de pais etc. –
amedrontam professores e alunos e estão presentes de forma muito maciça nesse
ambiente que deveria ensinar completamente o contrário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário